Eis que a hora se inclina e me vem tocar
com pancada metálica e clara:
tremem meus sentidos. Sinto poder agarrar
o dia que plasticamente se declara.
Nada era perfeito antes de eu o olhar,
todo o devir se imobilizara.
Ao meu olhar amadurecido se vem apresentar
como noiva a coisa que desejara.
Nada é ínfimo, mesmo assim amá-lo-ei
pintando-o grande em fundo que o dourará,
e levantando-o e a quem, não sei,
a alma libertará...
Rainer Maria Rilke, O Livro de Horas, Assírio & Alvim, p. 27
Será que esta HORA existe? Aquela em tudo faz sentido com o vislumbre de ALGO, que não sabemos bem o quê, nos vem arrebatar para um depois que nada tem a ver com o antes?...
ResponderEliminarEste trecho pode ser interpretado à luz de várias perspectivas, aliás como todos os outros mas, curioso, li-o e fez-me pensar em duas coisas que se podiam unir unicamente pela palavra DESEJO!
bjs e bem vinda de volta ao ano novo dos cibernautas
Sara,
ResponderEliminarTudo o que liberte a alma é digno dos maiores encómios...
Beijo :)
Sara, o poema é lindo, já o li muitas vezes, é do meu Rilke que adoro.
ResponderEliminarBom regresso!:)
Um belo poema, no que transmite...
ResponderEliminarFoi um dos autores cuja obra literária formava parte da minha editorial. Dele guardo uma frase:
Une rose seule, c'est toutes les roses et celle-ci: l'irremplaçable, le parfait.
Beijos
Bela memória
ResponderEliminarBj
A sensibilidade de Rilke bem patente neste belíssimo poema. Encanta-me a melancolia "lúcida" dos dois primeiros versos!
ResponderEliminarAbraço pela boa escolha:)))
Ser poeta,é ser mais alta...em palavras feitas de sentido e sentimento!Adorei.
ResponderEliminarbeijo
E que a hora materialize o que mais desejas e liberta a alma de pesos incómodos.
ResponderEliminarBeijinho!