sábado, 30 de outubro de 2010

Tentação, parte II

Les Enfants du Siècle (1999), de Diane Kurys

O filme traz à cena a história do amor tormentoso entre George Sand e Alfred de Musset. Aquele que, desafiando as convenções sociais, não conseguiu escapar à devassa de demónios pessoais. Amor intenso, intranquilo, condenado. Semelhante, talvez, ao ser frágil das borboletas, lembrado num dos diálogos:

AM: É linda a vida da borboleta. Apenas uns dias e passam-nos a dançar.
GS: Para se queimarem, quer dizer.
AM: Elas têm razão. A vida é muito curta para se ser pequeno.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Tentação

The only way to get rid of a temptation is to yield to it. Resist it, and your soul grows sick with longing for the things it has forbidden to itself, with desire for what its monstrous laws have made monstrous and unlawful. It has been said that the great events of the world take place in the brain. It is in the brain only, that the great sins of the world take place also.

Oscar Wilde, The Picture of Dorian Gray, Penguin Books, 1994, p. 26

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Most boring city?

Quando lá voltei, no início de Setembro, as expectativas eram baixas, derivadas de uma primeira experiência que não deixou grandes impressões e reforçada por aquele artigo que a considerava a cidade mais aborrecida da Europa. Mas fui surpreendida e trouxe de lá uma nova perspectiva, mais positiva. Agora, já não direi taxativamente: “Não gosto de Birmingham”, mas avançarei com um: “Há por lá umas coisas que valem a pena.” Como diria alguém mais entendido nestas matérias, é bem provável que só à segunda tivesse começado a metabolizar a cidade.



1-Birmingham Museum and Art Gallery; 2 e 3 - Canais de Brindleyplace

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Clausura

Este é o tempo a que pomposamente chamo “clausura generativa”. Nesta fase, ganha mais sentido o que ouvíramos daqueles que viveram situações similares: “a travessia do deserto”, “o tempo da solidão”, os “dias de sacrifício”. Tudo verdade. E apesar de nos dizerem que compensaremos o tempo perdido, mantém-se uma percepção residual do irremediável. Aquela que se reforça quando, passando por um sítio de que se gosta, se lê assim:

Cada dia sem gozo não foi teu:
Foi só durares nele. Quanto vivas
Sem que o gozes, não vives.
Não pesa que amas, bebas ou sorrias:
Basta o reflexo do sol ido na água
De um charco, se te é grato.
Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum dia nega
A natural ventura!

Ricardo Reis

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Em boa hora!

É um dos meus escritores preferidos e ganhou o Nobel. Não posso deixar de expressar o meu contentamento! Ainda há pouco tempo, sem adivinhar, trazia aqui palavras suas, oriundas do digníssimo calhamaço de 630 páginas que me acompanhou durante as férias, Conversa n' A Catedral, que recomendo vivamente. Suponho que, ao contrário do que evoca a frase transcrita, hoje será, para ele, um dia de profunda satisfação.

sábado, 2 de outubro de 2010

Thoroughly well-informed man


… there is no doubt that Genius lasts longer than Beauty. That accounts for the fact that we all take such pains to over-educate ourselves. In the wild struggle for existence, we want to have something that endures, and so we fill our minds with rubbish and facts, in the silly hope of keeping our place. The thoroughly well-informed man – that is the modern ideal.

Oscar Wilde, The Picture of Dorian Gray, Penguin Books, 1994, p. 19