domingo, 31 de julho de 2011

Vamos!

Vamos! Chegou o momento de quebrar a concha
E ir ao encontro do mar cintilante
Por novos caminhos que os nossos passos conhecem
Que seguiremos juntos, hesitantes de fraqueza.

Michel Houellebecq, A Possibilidade de uma Ilha, Dom Quixote, p. 313

Prainha, Caniçal, Madeira

Aproveitando as palavras de Houellebecq, é com prazer que digo: Vou! Vou para junto do mar! E posso garantir que não há qualquer hesitação nos passos que me levam até ele :))
Este estaminé reabre em Setembro. Umas óptimas férias!



quarta-feira, 20 de julho de 2011

Esforço

No centro de Vila Nova de Cerveira é possível apreciar esta escultura, constituída por uma estrutura metálica triangular e um bloco de pedra, associados a um fluxo ascendente de água. Se nos aproximarmos da sua base, verificamos tratar-se de uma obra da autoria do escultor José Rodrigues, doada à cidade e intitulada “Esforço”. Observando a escultura mais atentamente, não há como não reconhecer a persistência, constância e direcção evocadas, ingredientes essenciais dessa palavra maior com que foi baptizada.

A propósito, o escultor José Rodrigues vai, muito merecidamente, ser homenageado na 16ª Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira, a decorrer entre 16 de Julho e 17 de Setembro. Aproveito para deixar esta sugestão para férias. Eu irei espreitar, certamente.



sábado, 16 de julho de 2011

Faculdades superiores

Mark Chagall, Les Amants au Ciel Rouge, 1950

Se uma sociedade contasse só com a inteligência como seu eixo motor, não mudava nunca e perecia decerto por falta de mobilidade dos seus desejos e das suas afeições. Os ímpetos irreflectidos, os movimentos de cólera ou de alegria súbita, as demonstrações de ternura que contagiam toda a gente, o estado romântico em suma, têm uma grande audiência e um grande favor nos meios que percebem quanto as faculdades inferiores contribuem para a transformação das situações.

Agustina Bessa-Luís, Memórias Laurentinas, Guimarães Editores, p. 222

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Saciados

Vila Praia de Âncora, Viana do Castelo


Se ao menos o pôr do sol se pudesse comer
ficaríamos saciados.

J. M. Coetzee, No Coração desta Terra, Publicações D. Quixote, p. 144



sexta-feira, 1 de julho de 2011

Posse incerta

...
Dizem meu como alguém gosta por vezes
de ao príncipe amigo chamar em conversa com camponeses,
quando este príncipe é muito grande e muito distante.
Dizem meu dos muros sem calor
e nem sequer conhecem de sua casa o senhor.
Dizem meu e a isso chamam posse num instante,
quando se fecha cada coisa de que sua mão se abeira,
tal como um charlatão de feira
que talvez ao sol chame seu e ao clarão relampejante.
Assim dizem: minha vida, minha mulher também,
meu cão, meu filho e no entanto sabem bem
que tudo: vida, mulher e cão e filho somente
estranhas criações são, em que cegamente
tocam de mãos estendidas, na incerteza. 
... 

Rainer Maria Rilke, O Livro de Horas, Assírio & Alvim, p. 273 

Forum des Halles, Paris