terça-feira, 30 de novembro de 2010

A gente vai continuar*


A Gente Vai Continuar - letra e música de Jorge Palma

Tira a mão do queixo não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas pra dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega a onde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada pra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
A liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

*Com um grande obrigada à A., pela partilha.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Peçonha

Quando a mentira nos envenena o sangue, é um alívio cortar as veias e deixar correr a peçonha.

Miguel Torga, O Segredo, da obra Pedras Lavradas, integrada na colectânea Contos, Dom Quixote, p. 541
[um dos melhores contos que li até hoje]

sábado, 20 de novembro de 2010

Entardecer

O Norte já anda frio e cinzento e este brevíssimo “intervalo dourado” por terras algarvias, apreciando o astro-rei na sua jornada descendente, soube mesmo bem. Ali perto, iam-se acendendo outros sóis, pequeninos e luminosos, a suprirem temporariamente a ausência daquele que, na sua missão inexorável, deve servir a muitos.



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Lá de cima

Nunca tinha aterrado em Faro. Daí a minha enorme surpresa quando, lá de cima, me apercebi da magnífica arquitectura da Ria Formosa, estendida em frente à cidade. Uma descoberta festejada de forma animada com o senhor-inglês-residente-em-França que viajava a meu lado e que aprendeu uma palavra em português, por efeito de merecida repetição: “Lindo!”



terça-feira, 9 de novembro de 2010

Da verdade

Que enganadas estavam sempre as pessoas que diziam: é melhor conhecer o pior do que continuar sem saber nem uma coisa nem outra. Não, não, não. Percebiam tudo ao contrário. Diga-me a verdade, senhor doutor, prefiro saber. Mas só se a verdade for o que eu quero ouvir.

Kingsley Amis, Jim o Sortudo, Biblioteca Sábado, p. 74

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Do Terreiro da Sé

Tenho para mim que o Carlos Tê deveria andar ali para os lados do Terreiro da Sé quando escreveu a letra do Porto Sentido. Está lá tudo: o "velho casario que se estende até ao mar", os "lampiões tristes e sós" e, sobretudo, a "luz bela e sombria".