- Mamã, o que é a língua?
- A língua é a casa onde o homem habita.
Jean-Luc Godard, Deux ou Trois Choses que Je Sais d’ Elle (1967).
Há tempos, participei numa formação sobre as regras do novo acordo ortográfico. O formador afirmava que a grande dificuldade na aplicação das novas regras era de natureza perceptiva (ou, como boa formanda, deverei escrever “percetiva”). Não poderia discordar mais e a frase na boca da personagem de Godard fala por mim. Posso dizer, inspirando-me nela, que mantenho a nítida impressão de que, nos últimos tempos, me arrombaram a porta de casa e perpetraram um sério furto. E os efeitos de um furto doloroso nunca são unicamente perceptivos, senhor formador.
Imagine conosco Sara, no nosso Português Brasileiro, cheios de mais e menos, difícil e mal introduzido durante séculos a fio, a coisa parece um roubo mesmo e a adaptação se dá lenta e estranha. Nossa percepção não alcança a do sr. formador.
ResponderEliminar5 bjs
Concordo contigo, Sara. E um roubo a nossa identidade e quadro de referencias. Eu continuo a escrever como sempre escrevi. Nao vejo sentido no acordo ortografico. Em certos aspectos, parece-me bizarro, ate. Se ja me custa escrever sem acentos devido ao teclado, quanto mais escrever numa forma na qual nao me revejo e que nada tem a ver com a minha historia de vida.
ResponderEliminarBeijinhos!!
Não podia estar mais de acordo contigo...e em desacordo com o Acordo:))))
ResponderEliminarOi Sara
ResponderEliminarUm prazer sem igual voltar a blogar e poder passear entre os blogs nesse finalzinho de ano.È só um intervalo no meu recesso,mas já me alegra bem.
Obrigada pela atenção e carinho.
O acordo ortográfico é um fato ( ou facto) rs consumado mas nao bem aceito.
O certo é que quase nunca gostamos de mudanças principalmente se vem perturbar o que estava andando bem.
Também nao vejo com bons olhos qualquer acordo que interfira no aprendizado escolar, com seus regionalismos, suas particulares tão diversas .
Li outro dia sobre preconceito por algumas palavras seguirem portugues abrasileirado o que respeito porque quem gosta que mexam com sua identidade? o importante é mesmo a discussao prevalecendo lógico ,o bom senso.
E melhor ainda que nos entendamos todos ,até com os sotaques que aqui nesse Brasil de diversidades temos um pra cada regiao rs e o de voces me lembra o do mineiro de Belo Horizonte nas Minas gerais que fala "belzonte" engolindo as vogais ,como voces rsrs é ou não é ?
o carioca é bem explicadinho com muitos xxxiados rs
um Bom Natal,minha linda portuguesa
tudo de melhor a cada dia ,
com abraços
Pois não. E sabe-se lá quanto tempo será preciso para nos adaptarmos ao desfalque...
ResponderEliminarUm grande e "seguro" beijinho :)
Já deixei escrito por algures o meu ponto de vista e, para não repetir, apenas digo que estando de acordo em que a língua é viva e evoluciona, não temos mais que olhar no tempo, o que não me agrada é o método, os meios empregados.
ResponderEliminarTive os meus enfrentamentos na escola de idiomas de Valência, e acabei por descobrir alguns porquê. Mas só serviu para que agora os professores sejam portugueses, quase todos: algum é espanhol. Algo logrei!...
Para ti, querida amiga, um grande abraço
Concordo inteiramente. Cada vez que vejo o português escrito na sua nova "maneira" dá-me arrepios (ata em vez de acta, por exemplo). Como trabalho em história, até prefiro os documentos com português escrito à antiga. Mas já percebi que não vamos ter outro remédio senão conformar-nos com a novidade forçada, pelo menos nos textos oficiais... Bjs!
ResponderEliminarBem verdadeira, essa frase do Jean-Luc.
ResponderEliminarVivemos uma época confusa até de línguas e falas e escritas e de caça descarada aos "p", aos "c" e outras letras que tais, como se isso resolvesse ou tratasse fosse o que seja (como por exemplo a forte iliteracia entre muitos dos nossos estudantes, que falam e escrevem mais telemovélês ou facebookiano que outra coisa com nome de língua. Língua de gente. Gente que lê e porque lê, pensa. E age.)
Tretas.
Abraço.
(Sara: a imagem foi conseguida na Póvoa de Varzim, nas paredes do seu estádio de futebol, na parede virada para o mar, com uma máquina simples, daquelas bem baratinhas, e foi posteriormente "tratada" num exercício puro de "design" gráfico ... e não porque pretenda sê-lo mas porque gosto (por vezes) de fazê-lo).
(Ontem deixei comentário, mas parece que falhou algo pois n aparece..)
ResponderEliminarA nossa língua, a forma como escrevemos faz parte da nossa identidade. Pelo que alinhar neste novo acordo é quase contra natureza para mim, já que olho para as "Novas" palavras como se elas me fossem estranhas...não "assentam" bem....olho para elas e algo está errado...estou mesmo relutante em usá-las...fará isso de mim uma "criminosa"??
Mais que roubo... sinto-me violado na minha própria casa!
ResponderEliminarHá um sentimento de indefesa que nos desorienta.
Sara,
ResponderEliminarA propósito dessa temática, de repente senti-me envolvido numa camisa de varas diversas. Se, por razões profissionais, tenho que praticar o novo acordo, na escrita pessoal continuo a não permitir que passe da porta o desconforto que ele me traz. Veremos como as coisas evoluem...
beijo :)