terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Contentemo-nos

José Saramago fotografado por Sebastião Salgado, Lanzarote

A vida, qualquer vida, cria os seus próprios laços, diferentes de uma para outra, estabelece uma inércia que lhe é intrínseca, incompreensível para quem de fora criticamente observe segundo leis suas, por sua vez inacessíveis ao entendimento do observado, enfim, contentemo-nos com o pouco que formos capazes de compreender da vida dos outros, eles nos agradecem e talvez nos retribuam.

José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis, Caminho, p. 198

9 comentários:

  1. Sebastiao Salgado e o meu fotografo favorito :-)

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  2. "...enfim, contentemo-nos com o pouco que formos capazes de compreender da vida dos outros, eles nos agradecem e talvez nos retribuam."
    Não deixa de ser um apelo à visão serena das coisas, à sabedoria...
    Ou será ao "intuitivo", Sara? :)

    Beijo :)

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  3. Muito bonito o excerto e a fotografia, Sara!
    Venho reiterar os votos de um bom feriado!:)

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  4. 'contentemo-nos com o pouco que compreendemos' e tenhamos essa humildade de reconhecer a inacessibilidade do mundo interno dos outros, para evitar a ligeireza e a injustiça do juízo fácil.

    Beijinho e bom feriado!

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  5. Aos nossos olhos, a letargia da vida dos outros deve-se ao facto de só podermos contemplar uma infima parte dos mesmos.
    E, apenas um cantinho dos nossos olhos conseguem ler o que vêm...
    E, somente frugais palavras a descrevem...
    Só os protagonistas dessa vida poderão ter acesso à sua totalidade!
    Todavia, há quem diga que só assistem à parte das suas vidas onde se desenrola a cena momentânea em que a câmara faz o clique!?
    E, no fim, apenas dizem: "que bela foto esta!"
    bjs para ti e bom feriado

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  6. Sara,
    Vim só partilhar que este foi o último livro que li do Saramago e tocou-me profundamente porque a ficção é sobre um heterónimo pessoano que admiro!

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  7. Palavras sábias de JS, que, de certo modo,me levam a compreender um pouco mais sobre ti ou o teu posicionamento na vida:))))
    (e a força daquela fotografia; a solidão daquela fotografia; a obstinação daquela fotografia; o fascínio daquela fotografia...)

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  8. Direi tão só uma banalidade

    Tudo muito profundo e sábio

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