Paula Rego, À Janela, 1997
Parece haver a necessidade de saber o que a vida dá aos outros, ou de saber como é para os outros a vida; pensar nela e falar dela. Uma necessidade de viver fora, nessa curiosidade pela vida dos outros, ou uma forma de preencher o vazio da nossa, distrair-nos dos incómodos, dos trabalhos que nos dá. E assim passar o tempo. Aconteceu uma desgraça? Um caso estranho? Porquê? Como se explica? Corre-se a ver, a ouvir. Ah, é assim? Não, qual quê! Assim não pode ser. Como então? E quando nada acontece, o aborrecimento, o peso das ocupações habituais. E a angústia de ver, como vê agora a senhora Léuca, morrer lentamente nas vidraças a luz do dia.
Luigi Pirandello, Pena de Viver Assim, Biblioteca Editores Independentes, pp. 25-26
Sara
ResponderEliminarum tema curioso...lol
Essa ânsia de saber da vida dos outros encerra muitas justificações...o aborrecimento pela sua prórpia vida, o alimentar um imaginário a partir dos outros, já que o que lhe é próximo é tão pobre ou tão "real" e monótono que não lhes interessa ou suscita "sonhar"...para essas pessoas pode ser uma forma de sonhar com outras vidas, outras possibilidades que não lhes passaria pela cabeça criar no seu mundo!
O problema é quando essa curiosidade ultrapassa os limites do aceitável e tange o mórbido! Ao ponto do seu tempo passar em vidraças alheias...
bjs
E dá cabo deles!!! (sabes a quem me refiro...lol)
Um tema muito interessante, quanto deprimente!!
ResponderEliminarFico possesso quando vejo pessoas metediças!!
Irrito-me mesmo!!
Sobre o tema do Pirandello que hoje abordas, só posso dizer que não tenho o hábito de me meter para além da minha janela, muito menos sevir-me de uma marquesa para mais longe alcançar...
ResponderEliminarMas uma pergunta faço ( por me ter despistado nas datas ) :
Há novidades ?
Um beijo.
Eu aprecio uma curiosidade sa, ja bisbilhotice e indiscricao, nem por isso.
ResponderEliminarBeijinhos e Bom Domingo!
Eu reclamo que aqui as pessoas nao se cumprimentam, como que querendo respeitar mais a privacidade, então mesmo que eu quisesse saber da "vida dos outros", nao ia conseguir ;)
ResponderEliminarJá no frigir dos ovos (no desenrolar das coisas, eu traduzo rs), é muito chato quando se mora em lugares muito pequenos e tem várias dessas donas na janela a espreitar cada passo seu.
A foto está linda demais!
Obrigadíssima pela companhia na casa nova ;)
Olá a todos,
ResponderEliminarparece-me que há matérias em que todos estamos de acordo :)
Para a Célia e João: estou à espera de ultrapassar as burocracias do costume. A defesa ainda não está marcada. Temo que só depois do Verão. Olhando pelo lado positivo: tenho mais tempo para me preparar.:)
Obrigada pelo vosso cuidado.
Boa semana para todos. :)
Temos muita necessidade de comparar o que fazemos com experiências alheias que se parecem semelhantes à nossa.
ResponderEliminarA valorização das nossas opiniões, atitudes, decisões carecem de contraponto.
Bjs, Sara
Sara,
ResponderEliminarvenho agradecer a visita e responder ao seu comentário sobre Saramago. Dele li os seguintes títulos:
- O Memorial do Convento;
- Cerco de Lisboa;
- O Evangelho Segundo Jesus Cristo;
- Caim;
- Livro poesia de Saramago.
-O Ano da Morte de Ricardo Reis
O que gostei mais foi sem dúvida este último e o Evangelho Segundo Jesus Cristo.
Não consegui ler o Ensaio sobre a Cegueira, não sei porquê mas quando lhe peguei não fui além das primeiras páginas, talvez porque não queria lembrar-me da época em que ocorre a história.
Quanto ao seu post, não conheço este livro mas "Pena de Viver" é um título triste e a vida dos outros a mim não interessa, a não ser que contribuam para me ajudarem a construir!
Por esta sua janela já aprendi o que me agradou por isso venho espreitar e gosto que me vá espreitar e que comente porque alimenta ou aguça ideias. É desta faceta que gosto da blogosfera.
Bjs.:)
O Homem é curioso desde que é Homem. Aliás penso mesmo que é ISSO que o transformou, com todos os defeitos e com todas as virtudes, nessa COISA abstractamente muito concreta, UM HOMEM.
ResponderEliminarO resto são ... graphias ... que é como as cerejas ...
Não conheço o livro, mas tenho o prazer de ter 4 janelas, uma varanda, dois olhos e uma lente de máquina digital, que já me dão imenso que fazer ao cérebro ...
Um abraço e felicidades lá para "aquela coisa" que vai fazer lá para o fim do Verão ... no fim das contas, não deixará sempre de ser apenas mais uma "coisa" que fazemos na vida e espero sinceramente é que esta, em especial, lhe tenha dado prazer em conseguir.
Gostei da pintura e a citação é bem verdadeira. Bj!
ResponderEliminarSara,
ResponderEliminarE assim segue a vida, um pouco de janela, um pouco de curioso, um pouco de discrição. Acredito que um pouco dessas três mulheres habitam em nós.
A tela é muito bonita realmente.
cozinha dos vurdóns
Muita, muita "pena de viver assim"...
ResponderEliminar(a escolha da PR é adequadíssima ao texto!)
Sara, nao sei se gosta, mas te indiquei um selinho, está em mimos/selos, espero que goste, e fique à vontade caso nao seja adepta.
ResponderEliminarBeijos
Somos vasos comunicantes
ResponderEliminarmas não espreitamos
pelos olhos
a menos que seja tão só
para olhar
e só depois ver
com as janelas fechadas
Este prestigioso escritor italiano fazia parte do catalogo de autores da minha editora, Plaza & Janés.
ResponderEliminarTive que o estudar para poder argumentar; sentia-me enganchado, sobre tudo, com os relatos curtos.
Como dramaturgo, era criador de relatos tão maravilhosos como o que aqui esgrimes.
Um grande abraço e a moinha amizade