A grande maioria dos homens é obrigada a uma duplicidade constante, uma duplicidade erigida em sistema. Não é fácil, sem se dar cabo da saúde, aparentarmos, dia após dia, o contrário daquilo que sentimos realmente, deixarmo-nos crucificar por aquilo que não amamos, regozijarmo-nos com aquilo que nos entristece. O nosso sistema nervoso não é uma expressão vã ou uma invenção. É um corpo físico composto de nervos. A nossa alma situa-se no espaço e implanta-se em nós como os dentes nos maxilares. Não podemos violentá-la impunemente.
Boris Pasternak, O Doutor Jivago, Colecção Mil Folhas-Público, p. 510
Monção |
Sendo assim acredito que viver para satisfazer os anseios do mundo, acabou por dar aos seres humanos o mal do século, a doença mãe de todas. É viver sem estar vivo, os maxilares foram por assim dizer a previsão do futuro, no qual hoje chamamos de presente. Acaba-se ensinando a suportar e não a viver.
ResponderEliminarSeu texto é lindo.
5 bjs
A fotografia é linda!
ResponderEliminarO texto é pungente. Há quem viva assim.
Lembrou-me do auto-retrato de James Ensor. Não verbalizo mais nada porque o texto diz tudo e é um clássico intemporal.
Beijinho e bom Domingo!
Muito obrgada, ana, por esta partilha. Acho a sua associação muito feliz. Agradeço também "apresentar-me" este pintor, que desconhecia.
ResponderEliminarBom domingo! :))
Sara
ResponderEliminarfabulosos! A dialética foto e texto!!!
O livro é um dos meus favoritos de sempre...lembras-te de Anna Karenina? Algo semelhante tb...estes livros entre outros marcaram-me muito na vida!
Não acrescentarei mais nada para não tornar vulgar algo tão original!
bjs e resto de um bom domingo:)
Daí as depressões,daí as dilaceraçõews, daí os suicídios...E tanta gente a viver assim!
ResponderEliminarÉ uma grande verdade. Viver em sociedade por vezes obriga a isso.
ResponderEliminarSara, seu novo post não entrou...TAMBÉM HÁ DIAS ASSIM.
ResponderEliminarbjs
O filme é soberbo (e já o revi umas dezenas de vezes ... principalmente a cena daquele comboio a atravessar os Urais ...). O Boris também, assim como a foto deste post, por motivos diversos mas apropriados.
ResponderEliminarA frase final é uma boa ordem, ou pelo menos deveria estar na ordem do dia ... não nos deveríamos nunca esquecer que somos, principalmente e antes de mais nada, nós mesmos.
Este é outro post com selo de qualidade!
Abraço.
So true, so true... e depois temos as depressoes e a infelicidade quase constantes...e agora lembrei-me de alguns casos...
ResponderEliminarA foto e muito bonita, Sara. :-)
Beijinhos!! :-)
Uma grande obra literária.
ResponderEliminarUm filme inolvidável.
Um fragmento para meditar.
Um grande abraço, sentido.
Absolutamente de acordo. A incontornável indissociação corpo/mente, formulada como só a alguns cabe alcançar!
ResponderEliminarBeijinho.
E essa violentação paga-se sempre... cedo ou tarde!
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