Nada pode igualar a euforia do melancólico quando a alegria chega. Mas antes que lhe seja permitido chegar, esta tem que manter um assédio ao seu coração fatigado. Deixa-me entrar, mia ela, ruge ela. O coração tem que ser forçado.
Susan Sontag, O Amante do Vulcão
Susan Sontag, O Amante do Vulcão
Ou seja, o coração dos melancólicos é desconfiado... :-)
ResponderEliminarNunca li nada desta autora. Que tal o livro?
Boa dedução! Talvez necessite de confirmações :)
ResponderEliminarGostei muito do livro. Susan Sontag é sobretudo conhecida pelos seus ensaios e penso que este livro constitui uma das suas raras incursões na ficção. Trata-se da biografia ficcionada de Sir William Hamilton, embaixador britânico em Nápoles (finais séc. XVIII), vulcanólogo e coleccionador (várias peças que estão hoje no British Museum tiveram-no como mediador). Pelo livro também passeiam outros históricos como o Almirante Nelson, Goethe ou a "nossa valente" Leonor da Fonseca Pimentel.
Pareceu-me bastante rigoroso, em termos históricos (fui comparando com alguma informação que encontrei na internet) e a leitura é muito agradável. Aconselho, sobretudo para quem gosta de recuos no tempo.
A citação fez-me lembrar este quadro do Vermeer:
ResponderEliminarhttp://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jan_Vermeer_van_Delft_012.jpg
Que tal? :-)
Sendo como diz, vai para a lista (das aquisições).
ResponderEliminarSó depois de deixar o segundo comentário é que li o seu e, sem saber nada do livro, a minha cabeça foi parar a Vemeer, que, de alguma maneira, se «enquadra» vagamente no cenário do livro. Curioso...
Many thanks! :-)
Acho que compreendo a ligação e parece-me muito adequada. Não sei se esta mulher estaria melancólica, mas certamente estaria expectante: a completa atenção à leitura e, sobretudo, o facto de nem sequer se ter sentado, parecem-se indícios de que, possivelmente, seria uma missiva recebida com alegria.
ResponderEliminarConhecia o quadro, que é magnífico, mas agradeço-lhe esta inspirada associação :)
Isso. Há que forçá-lo, sim, e destronar a melancolia. Como terá dito Victor Hugo, "a melancolia é a felicidade de estar triste". Há, pois, que dar lugar à alegria e à "felicidade de estar" alegre :)
ResponderEliminarR., subscrevo essas palavras..não teria dito melhor!
ResponderEliminarDar lugar à felicidade de estar alegre...gostei!
R.
ResponderEliminaras tuas palavras fizeram-me lembrar outras, de Anais Nïn: "Choro porque perdi a minha dor e ainda não estou habituada à sua ausência". Provavelmente, também nos acomodamos às nossas "misérias". Mas estou convosco, R. e I., devemos ser menos resistentes e mais permeáveis à felicidade de estar alegre :)
Beijinhos para ambas.
Olá, Sara!
ResponderEliminarBons olhos a leiam!
Tal como alive, reforço meu singelo, mas verdadeiro diálogo: é mesmo "um" prazer, beber em seu blog.
Respiram-se sons, ouvem-se perfumes perfeitamente odoríferos, que despertam pequenas vibrações de inquietude..
Eugénio de Andrade sublimava a urgência que não sentimos..."É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras....". Para tal, é urgente ouvir, ler, escrever, viajar por um blog...realmente, acutina-nos as membranas e premeia-nos o dom da felicidade...não acha?
Bom fim- de- semana e mais uma vez, obrigado!
Nânci
Olá Nânci!
ResponderEliminarMuito obrigada pelas suas palavras, quer aquelas ditas anteriormente, quer estas que hoje aqui traz.
Este blog nunca teve grandes pretensões, mas se acha que poderá ser um veículo de alegria, só me posso sentir feliz! Também é muito bom sentir a sua presença serena por aqui.
Novamente, o meu muito obrigada. Um grande fim-de-semana!
Julgo que o ser humano é muito dado a estados melancólicos... Estes ganham espaço e, dificilmente darão lugar a outros de menor extravagância. Pois que ganhar esse lugar na alma do Homem requer uma teimosia constante e um "ar" trágico que lhe dá algum encanto.... vejamos: suscita preocupação; atenção; cuidados. A alegria pelo contrário: inveja de alguns; inoportuna para outros; histérica em demasia... ando so on, and so on
ResponderEliminarQue tal continuar melancólico, sem ser eufórico? Se deixar esta entrar, a contaminação pode ser bárbara.
Passando à autora, devo dizer que tu, Sara foste culpada por eu ter entrado numa livraria recentemente. Mas depois eu explico no meu blog.
Caramba, quem quiser saber o próximo capitulo tem de me seguir... lololololol
Os estados melancólicos fazem parte da natureza humana e até dizem que nós, portugueses, somos muito dados a estas coisas. Pessoalmente, gosto de estados mais solares :)
ResponderEliminarQuanto a Susan Sontag, acho que fizeste uma excelente escolha. Como não conheço esse ensaio, vou certamente seguir-te :)
Espero que tenhas um bom fim-de-semana!