A boca de um vulcão. Sim, boca; e língua de lava. Um corpo, um monstruoso corpo com vida, macho e fêmea ao mesmo tempo. Expele, ejecta. É também um interior, um abismo. Uma coisa viva, que pode morrer. Algo inerte que de vez em quando se agita. Que apenas existe de modo intermitente. Uma ameaça permanente. Ainda que previsível, geralmente imprevista. Caprichosa, insubmissa, malcheirosa. Será isso que se entende por primitivo? Nevado del Ruiz, monte de Santa Helena, La Soufrière, La Pelée, Krakatoa, Tambora. O gigante adormecido que desperta. O gigante vacilante que se vira para nós. King Kong. Vomitando a destruição, para logo voltar a cair na sua letargia.
Susan Sontag, O Amante do Vulcão
Susan Sontag, O Amante do Vulcão
Interessante imagem antropomórfica do "monstro". Um retrato "físico" e "psicológico" bem eloquente.
ResponderEliminarSontag é uma boa retratista, pelo menos no que a este livro diz respeito. Nas actuais circunstâncias, as suas descrições ganham toda uma nova dimensão, aproximando a ficção da realidade.
ResponderEliminarEyjafjallajokull é o nome da "besta" islandesa que anda a atrapalhar a vida de milhares de viajantes... e de facto," imprevista. Caprichosa, insubmissa, malcheirosa"...a força da natureza: implacável e imponente!
ResponderEliminarIsabel,
ResponderEliminarnão consigo pronunciar tal coisa. E sim, o pessoal ficou em terra... ooohhhh
Cristina,
os comentários andam marados. Publiquei o seu, mas não aparece. De qualquer forma, também estou a gostar do livro; só tenho pena de, nesta fase, o estar a ler em modo "pára-arranca".