terça-feira, 29 de junho de 2010

240' em Salzburgo

240 preciosos minutos passados em Salzburgo, a apreciar a sua grandiosa e pitoresca beleza. 240 minutos passados a calcorrear a Getreidegasse pejada de turistas, a espreitar o seu famoso nº. 9, onde Mozart viu o mundo pela primeira vez, a percorrer o imenso Hohensalzburg Castle, a apreciar um pouco das margens do rio Salzach. Destes minutos, destacaria como mais luminosos aqueles passados entre o miradouro e o castelo, num percurso de um quilómetro pela mata, pontuado aqui e ali por um cenário de cortar a respiração. Este, o da fotografia.

E ali pelo meio, a lembrança: no mesmíssimo dia, no ano anterior, estava internada numa clínica, a recuperar de um ligeiro susto. A vida tem as suas graças. O que será que me estará reservado para o próximo ano? Talvez esteja a fazer o que é mais comum nos meus dias. Talvez porque a vida não é tipicamente vivida nos antípodas da experiência, entre uma cama de hospital ou um passeio em Salzburgo. Talvez a vida seja tão-somente feita de mediania. Talvez.

sábado, 26 de junho de 2010

Por terras da Alta Áustria

Linz não é uma cidade particularmente bonita, e foi uma decepção descobrir que o Danúbio, por estes lados, não é azul, mas castanho. O tempo também não ajudou, mantendo o cinzentismo durante os três dias que por lá estivemos. Ultrapassados estes pormenores, foi sempre a ganhar:
Uma comitiva portuguesa onde reinou o companheirismo e a boa disposição.
Uma equipa europeia com pessoas empenhadas, simpáticas e abertas a novas e diferentes perspectivas. E descobrir que, afinal, ninguém comunicou em inglês, mas noutra língua: o globish :-)
E não posso esquecer as tartes Linz, finalmente no original…
Não será uma cidade a que volte, para conhecer melhor. Mas deixou boas recordações.

Igreja de St. Ursula

A New Cathedral, ao fundo

Pormenor da Landstraße, a principal rua da cidade

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago, Imortal


(...) que se antes de cada acto nosso nos puséssemos a prever todas as consequências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias de futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão, aliás, há quem diga que isso é que é a imortalidade de que tanto se fala (...)

José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira

terça-feira, 15 de junho de 2010

Absolute clarity


A few times in my life I've had moments of absolute clarity, when for a few brief seconds the silence drowns out the noise and I can feel rather than think, and things seem so sharp and the world seems so fresh. I can never make these moments last. I cling to them, but like everything, they fade. I have lived my life on these moments. They pull me back to the present, and I realize that everything is exactly the way it was meant to be.

sábado, 12 de junho de 2010

Che fece... il gran rifiuto

Constantive Cavafy, retratado por Yiannis Kephallenos


Para alguns, entre nós, o implacável dia chega
da grande escolha, da grande decisão
de dizer Sim ou Não.
Aquele que em si sentir a sede de afirmar
pronuncie-se sem demora.
Os caminhos da vida abrir-se-ão para ele
numa cornucópia de benesses.
Mas o outro, o que nega,
ninguém o poderá acusar de falsidade,
e repetirá cada vez mais alto a sua descrença.
Está no seu direito – e, contudo, esta pequena diferença.
Um “Não” por um “Sim” – afunda uma vida inteira.


Constantine P. Cavafy (1901), citado por Lawrence Durrell em Clea

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Lovely and Loyal Award


A Margarida Elias, do blogue Memórias e Imagens lançou-me o desafio. Obrigada, Margarida, e cá seguem as respostas às perguntas:

1. Porque que é que criou um blogue e, quando o criou, tinha expectativas de que fosse popular?
Criei um blogue para partilhar algumas descobertas que vou fazendo, quer sob a forma de palavras, quer sob a forma de imagens. Não tinha qualquer expectativa de que fosse popular, aliás, o blogue esteve "às moscas" durante muitos meses e só recentemente foi ganhando vida.

2. Em que data exacta iniciou o blogue?
No dia 28 de Março de 2009, por influência de um amigo que, entretanto, está de férias do seu próprio blogue. Certo, N.? :)

3. Nomeie 5 seguidores leais.
Não são 5, são 3. Porque para além de parceiras de blogue, são amigas:

E agora, minhas caras, passo o desafio às 3.

domingo, 6 de junho de 2010

Chutem!

Rua do Loureiro, Porto

E façam bons passes. E boas recepções. E marcações cerradas. E desmarcações estratégicas. E bons dribles. E evitem os postes. E os fora de jogo. Defendam bem e ataquem melhor. E não se esqueçam de que o jogo deve ser limpo, que amarelos e vermelhos não são de nossa conveniência. E, sobretudo, acertem e façam as redes tremer com o impacto da Jabulani!!

Saudações cordiais, verdes e vermelhas.

A treinadora de sofá,
Sara

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ah! Os Relógios

Estação de S. Bento, Porto

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana, A Cor do Invisível