Para alguns, entre nós, o implacável dia chega
da grande escolha, da grande decisão
de dizer Sim ou Não.
Aquele que em si sentir a sede de afirmar
pronuncie-se sem demora.
Os caminhos da vida abrir-se-ão para ele
numa cornucópia de benesses.
Mas o outro, o que nega,
ninguém o poderá acusar de falsidade,
e repetirá cada vez mais alto a sua descrença.
Está no seu direito – e, contudo, esta pequena diferença.
Um “Não” por um “Sim” – afunda uma vida inteira.
Constantine P. Cavafy (1901), citado por Lawrence Durrell em Clea
Não me lembrava deste poema e tem uma profundidade aterradora.
ResponderEliminarDizer sim e não são constantes mas, os outros nem sempre apreciam as verdades.
Bom fim-de-semana! :)
Cavafy, um dos meus poetas sempre presentes.
ResponderEliminarDizer "sim" ou "não" é, efectivamente, um exercício contínuo. Não diria que "afunda", mas sem dúvida que determina uma vida inteira.
ResponderEliminarBeijinho, bom fim-de-semana e, com pena minha, não é "até logo" ;)
Ana e R.
ResponderEliminarconcordo com ambas. As decisões, num ou noutro sentido, são uma constante, bem como as consequências que delas derivam. Outra das facetas que aprecio no poema é a de, na minha óptica, acentuar a nossa liberdade de decisão, independentemente do teor desta. E isso é, por si, uma prerrogativa valiosa.
Cristina,
não conhecia o poeta, foi-me "apresentado" por Durrell. É apelidado, ao longo deste último tomo do Quarteta de Alexandria, "o poeta da cidade". Foi uma boa descoberta!
Bom fim-de-semana para as três!
Obrigada Sara,
ResponderEliminarBom domingo de Santo António. :)
E que o Santo António continue a patrocinar o sol... :)
ResponderEliminarBom Domingo, Ana!
Kavafy, o Poeta da Cidade!E que Durrell me apresentou.E que eu bebi, em todas as línguas que conheço!
ResponderEliminarAbraço, companheira de gostos literários:))
Um dia disse a uma minha amiga algo assim: "Quanta coisa na vida nos acontece porque, numa fracção de segundos, decidimos que seria assim. Às vezes nem sabemos porque colocamos uma cruz nesta ou naquela opção, quase parece que uma outra mão o fez por nós. No inicio parece-nos tudo desconhecido e pensamos que estaríamos melhor noutro lugar, a fazer outra coisa qualquer. Mas o melhor é quando descobrimos que, afinal era aquele o nosso "destino" (que não foi mais ninguém que o traçou senão nós próprios). Quando reconhecemos que, após algumas vicissitudes nos encontramos, nos redescobrimos. Se não tivesse tomado esta opção onde estaria? A fazer o quê? Estaria tão feliz?
ResponderEliminarE, sem que nos apercebamos, sentimos um arrepio ao longo de nós... "Somente" um calafrio!"
O Não também pode trazer benesses, assim como o Sim... o que interessa mesmo é que possamos escolher em liberdade e lucidez.
Bom domingo e restantes dias da semana cara Sara.
Justine,
ResponderEliminarmais uma coincidência: também foi Durrell que me trouxe Cavafy. Espero ter oportunidade de o conhecer melhor. Depois do seu comentário e do da Cristina, fiquei ainda mais curiosa.
Um abraço, a celebrar afinidades :)
C.
acho que o teu comentário poderia dar aqui início a uma longa discussão sobre "destino" vs. "livre arbítrio". Eu gosto mais da ideia do segundo. Acho-a reconfortantemente desafiadora :)
Beijinho e boa semana para ti!
A vida é feita de opções...entre um caminho ou outro, um "sim" ou um "não"...e quantas vezes não nos deparamos com aquelas perguntas cheias de "e se....??"
ResponderEliminarMas não adianta...
agora lembrei a música:"o que foi não volta atras, mesmo que muito se queira...."
Mas também diz..."e querer muito é poder"! ;)
E rematas em beleza! :)
ResponderEliminarBeijinho e até logo.
Um excelente desenho, até parece um esboço, mas diz tudo...
ResponderEliminarBoa eleição literária, quanta qualidade!
Textos assim são os que marcam a diferença.
Não conhecia e gostei, muito.
Abraços
Ainda bem que gostou, Duarte! Fico contente.
ResponderEliminarObrigada pelas suas palavras. São sempre muito encorajadoras.
Um abraço.