Em trânsito pela estação de metro de S. Bento deparei-me com elas e fui espreitar. Por uma ampla extensão, espalhavam-se várias esculturas em tamanho real, representando pessoas sem-abrigo. Soube mais tarde que se tratava de uma exposição pan-europeia itinerante de esculturas de bronze do escultor dinamarquês Jens Galschiøt, inserida no projecto “Welcome HomeLess” e trazida a Portugal no âmbito do Ano Internacional contra a Pobreza e a Exclusão Social.
Não pude deixar de notar que, na correria da manhã, quase ninguém se aproximava delas. Assim como não pude deixar de ponderar a possibilidade metafórica desse facto. Não nos aproximamos. Nem destas, nem da realidade que representam, a daqueles que estão efectivamente lá fora, desabrigados.
Interpeladoras, logo ao início da manhã.
Não pude deixar de notar que, na correria da manhã, quase ninguém se aproximava delas. Assim como não pude deixar de ponderar a possibilidade metafórica desse facto. Não nos aproximamos. Nem destas, nem da realidade que representam, a daqueles que estão efectivamente lá fora, desabrigados.
Interpeladoras, logo ao início da manhã.
Mexeu comigo este texto e as esculturas... bem como os comportamentos das pessoas para com os sem-abrigo. Por vezes vêm pedir esmola e eu, pessoalmente, não consigo ignorar a sua presença, mesmo correndo o riso de ser perseguida pela sua insistência. No entanto, observo outras pessoas que se "despacham" dos "pede esmolas" com uma indiferença assustadora... É como se não estivessem sequer ali, como se não fossem nada, nem ninguém!!!
ResponderEliminarTalvez seja a forma de se protegerem, contudo.......
Não me espanta que numa manhã de trânsito pela estação ninguém atentasse às esculturas (embora essas sejam de pedra, podem fazer lembrar realidades que serão preferíveis ignorar)
Olha, nem arte, nem realidade... é caso para dizer
bjs
BFDS para ti tb.
Sara,
ResponderEliminarMuito interessante o seu post e é bem verdade o que diz. Muitas vezes passamos ao lado, infelizmente.
Abraço!
Em Lisboa, portanto, não é verdade, SARA ?
ResponderEliminarA C.F. expressou muito bem o meu pensamento.
Boa postagem. Parabéns.
Um beijo.
O que observaste em relação às esculturas é bem o reflexo do que observamos no nosso dia-a-dia nas cidades: a falta de solidariedade, o medo do diferente, o "quero-lã-saber"...
ResponderEliminarCom muita vontade de ver essa exposição, agradeço-te teres chamado a atenção para ela.
(obrigada Sara,vou aproveitar ao máximo os poucos dias porque a saudade é muita...depois contarei:)))
Abraço
mea culpa....também eu, por vezes, passo por eles sem olhar-lhes directamente nos olhos...acho que temos "medo" não deles em concreto, mas da possibilidade real e quão fácil e rápida de tal nos suceder...basta um deslize para atravessar essa linha que nos separa...
ResponderEliminarSe calhar, tal como de médico e de louco, também teremos a nossa quota-parte de "desabrigo".
ResponderEliminarInfelizmente somos levados (por tudo e por "todos") a desconfiar se por detrás de um mendigo, pedinte, sem-abrigo ... (chamem-lhe o que quiserem ... prefiro "o que está para lá da linha ... a tal que é falada aqui em cima) ... está, espante-se!, uma pessoa, um ser humano que por opção (dele, de outrem ou de uma circunstância qualquer) vive assim, de uma maneira e de uma forma que não "encaixa" ... entendem-me?
Infelizmente constatamos todos os dias a nossa própria fragilidade enquanto seres humanos, tão humanos como os que olhamos (ou não, porque ás vezes não os vemos) "para lá da linha".
Receio bem que, muitas vezes, a invisível linha não seja mais que um palpável espelho que nos leve a perguntar: e tu como te vês hoje?
O meu maior respeito e agradecimento por todos os voluntários envolvidos no combate desta realidade.
Abraço.
Interpeladoras e pertinentes, a apelar para a condição humana dos que representam e, oxalá,a apelar também para a consciência de que ninguém é imune a tal condição. E, como esta, são precisas muitas outras interpelações. Bem hajas por não a teres ignorado.
ResponderEliminarBeijinho e boa semana.
(A primeira tentativa de envio do comentário falhou)
ResponderEliminarCorrectíssimo o teu comentário.
Eu não quero crer que as pessoas se mantenham afastadas por temerem ver-se envolvidas numa situação equivalente.
Compreendo que se resguardem.
Não aceito a indiferença.
Porém, também sei que é muito fácil cair numa situação destas, por indução dos três «Dês»
Doença
Desemprego
Divórcio
O hedonismo descabelado tão é destruidor, claro.
Bjs
Uma excelente iniciativa. O que é de lamentar é que não chame a atenção, e com isso à reflexão. Lamentavelmente cada dia estamos mais de costas a uma realidade com a que roçamos todos os dias.
ResponderEliminarEste é o panorama do dia a dia das grandes urbes. Ao cair da tarde começam a cobrir-se com alguma manta, papelão ou jornais, num canto da cidade, e durante o dia proporcionam-nos esse desgarro evitável. Comentasse que a casa de Caridade está cheia e que muitos não querem estar ali.
Na zona de Campanar, já quase fora dos limites da cidade de Valência, dois indigentes dormiam debaixo duma árvore, a noite era fria, estivemos a menos de zero graus centígrados... só se salvou aquele que dormia junto do cão!
Um grande abraço, algo triste...
Boa noite Sara
ResponderEliminar(Respondendo ao comentário deixado no Guizo)
Gosto de interrogações.
Para mim significam que a narrativa suscitou dúvidas e levantou questões que são sempre excelentes indutores de novas abordagens.
Quero, dizer-te que sob o pretexto da «Privacidade e Liberdade», estão escritos e prontos a editar mais duas narrativa e uma nota.
Posso adiantar-te, Sara, que encontrarás a resposta para a questão do desguarnecer da privacidade nas redes sociais.
Bjs
"Não nos aproximamos. Nem destas, nem da realidade que representam, a daqueles que estão efectivamente lá fora, desabrigados."
ResponderEliminarEstá tudo nessa síntese, Sara!
Às vezes fugimos do espelho...
Beijo :)