sábado, 6 de março de 2010

Como a água

Memórias de Uma Gueixa (2005), de Rob Marshall

A primeira vez que soube que a minha mãe estava doente foi quando o meu pai atirou o peixe de volta ao mar. Nessa noite, ficámos com fome. “Para compreendermos o vazio”, disse-nos ele. A mãe sempre disse que a minha irmã Satsu era como a madeira. Tão enraizada na terra como uma árvore "Sakura". Mas disse-me que eu era como a água. A água sulca o seu caminho, mesmo através da pedra. E, se depara com um obstáculo, a água encontra um novo caminho.

8 comentários:

  1. É uma bela metáfora de persistência e consecução. Diria, até, que é um belo lema de vida. (É curioso, amiga, como, sem combinação prévia, hoje coincidimos na escolha de temáticas inspiradas no "alento").

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  2. Em sintonia! Talvez a semelhança nas exigências que a vida nos coloca actualmente inspire a similitude nas temáticas. Para além de outras aproximações, que sabemos mais importantes :)

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  3. água e madeira, preto e branco, yin e yang...tantos opostos que compoem o equilíbrio..

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  4. "Afinal o que importa não é a literatura nem a crítica de arte nem a câmara escura
    Afinal o que
    importa não é bem o negócio
    nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
    Afinal o que
    importa não é ser novo e galante
    - ele há tanta maneira de compor uma estante
    Afinal o que
    importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
    e cair verticalmente no vício
    Não
    é verdade rapaz? E amanhã há bola
    antes de haver cinema madame blanche e parola
    Que afinal
    o que importa não é haver gente com fome
    porque assim como assim ainda há muita gente que come
    Que afinal
    o que importa é não ter medo
    de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
    Gerente! Este leite está azedo!
    Que afinal
    o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
    à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora!
    – rir de tudo
    No riso admirável
    de quem sabe e gosta
    ter lavados e muitos dentes brancos à mostra"
    ...
    O que importa é a vibração que nos faz sentir vivas, o que importa é não deixarmos de sonhar, o que importa é "furarmos" a pedra, é resguardarmo-nos do vento, nadarmos neste "oceano" de experiências...mas acima de tudo, o que importa é vencermos,"só" por desejar viver!

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  5. Esta é uma das metáforas mais belas que nos incita à perseverança... que nos mostra os obstáculos como oportunidades... em que o submergir e emergir nos fazem tomar novos folgos, novas vontades, novo recomeçar!
    Neste momento recordo-me novamente da minha ilha e desejo que esta metáfora faça sentido nessa paisagem lindíssima sulcada temporariamente pela água...

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  6. Muito obrigada pelos vossos comentários. Hoje tive um daqueles dias mesmo bons, em que chegamos ao fim com o coração maior, porque foi insuflado pelo carinho de pessoas a quem queremos muito bem. E acho que, no fundo, para sermos água, precisamos de brisas de afectos, que nos ajudem a contornar obstáculos e a continuar. Na ausência destas brisas, a água corre o risco de estagnar...
    Desejo a todas uma boa semana!

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  7. que lindas palavras minha diva!!
    que bom saber te bem!!um beijão!!

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  8. Obrigada Isabel! É precisamente de brisas como esta de que falo, também :)
    Beijo grande para ti!

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