quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Para todos...
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
(Des)Ordem natural
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Contentemo-nos
A vida, qualquer vida, cria os seus próprios laços, diferentes de uma para outra, estabelece uma inércia que lhe é intrínseca, incompreensível para quem de fora criticamente observe segundo leis suas, por sua vez inacessíveis ao entendimento do observado, enfim, contentemo-nos com o pouco que formos capazes de compreender da vida dos outros, eles nos agradecem e talvez nos retribuam.
José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis, Caminho, p. 198
terça-feira, 30 de novembro de 2010
A gente vai continuar*
A Gente Vai Continuar - letra e música de Jorge Palma
Tira a mão do queixo não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas pra dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega a onde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada pra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
A liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo
*Com um grande obrigada à A., pela partilha.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Peçonha
Miguel Torga, O Segredo, da obra Pedras Lavradas, integrada na colectânea Contos, Dom Quixote, p. 541
sábado, 20 de novembro de 2010
Entardecer
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Lá de cima
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Da verdade
Kingsley Amis, Jim o Sortudo, Biblioteca Sábado, p. 74
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Do Terreiro da Sé
sábado, 30 de outubro de 2010
Tentação, parte II
O filme traz à cena a história do amor tormentoso entre George Sand e Alfred de Musset. Aquele que, desafiando as convenções sociais, não conseguiu escapar à devassa de demónios pessoais. Amor intenso, intranquilo, condenado. Semelhante, talvez, ao ser frágil das borboletas, lembrado num dos diálogos:
AM: É linda a vida da borboleta. Apenas uns dias e passam-nos a dançar.
GS: Para se queimarem, quer dizer.
AM: Elas têm razão. A vida é muito curta para se ser pequeno.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Tentação
Oscar Wilde, The Picture of Dorian Gray, Penguin Books, 1994, p. 26
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Most boring city?
1-Birmingham Museum and Art Gallery; 2 e 3 - Canais de Brindleyplace
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Clausura
Cada dia sem gozo não foi teu:
Foi só durares nele. Quanto vivas
Sem que o gozes, não vives.
Não pesa que amas, bebas ou sorrias:
Basta o reflexo do sol ido na água
De um charco, se te é grato.
Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum dia nega
A natural ventura!
Ricardo Reis
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Em boa hora!
sábado, 2 de outubro de 2010
Thoroughly well-informed man
… there is no doubt that Genius lasts longer than Beauty. That accounts for the fact that we all take such pains to over-educate ourselves. In the wild struggle for existence, we want to have something that endures, and so we fill our minds with rubbish and facts, in the silly hope of keeping our place. The thoroughly well-informed man – that is the modern ideal.
Oscar Wilde, The Picture of Dorian Gray, Penguin Books, 1994, p. 19
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Vindima
- Confirma-se o dito popular: muita parra, pouca uva. Pelos vistos, a folhagem excessiva impede que o sol penetre e que o fruto cresça. Pois.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Faltas & sobras
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Elogio del Horizonte
Creo que el horizonte, visto de la forma que yo lo veo, podría ser la pátria de todos los hombres.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
El Maestro
El modo que tenía don Gregorio de mostrar un gran enfado era el silencio. «Si ustedes no se callan, tendré que callar yo».
Y iba cara al ventanal, con la mirada ausente, perdida en el Sinaí. Era un silencio prolongado, desasosegante, como si nos dejara abandonados en un extraño país. Sentí pronto que el silencio del maestro era el peor castigo imaginable. Porque todo lo que tocaba era un cuento atrapante. El cuento podía comenzar con una hoja de papel, después de pasar por el Amazonas y el sístole y diástole del corazón. Todo se enhebraba, todo tenía sentido. La hierba, la oveja, la lana, mi frío. Cuando el maestro se dirigía al mapamundi, nos quedábamos atentos como si se iluminara la pantalla del cine Rex. Sentíamos el miedo de los indios cuando escucharon por vez primera el relincho de los caballos y el estampido del arcabuz. Íbamos a lomo de los elefantes de Aníbal de Cartago por las nieves de los Alpes, camino de Roma. Luchamos con palos y piedras en Ponte Sampaio contra las tropas de Napoleón. Pero no todo eran guerras.
Hacíamos hoces y rejas de arado en las herrerías del Incio. Escribimos cancioneros de amor en Provenza y en el mar de Vigo. Construimos el Pórtico da Gloria. Plantamos las patatas que vinieron de América. Y a América emigramos cuando vino la peste de la patata.
«Las patatas vinieron de América», le dije a mi madre en el almuerzo, cuando dejó el plato delante mío.
«¡Que iban a venir de América! Siempre hubo patatas», sentenció ella.
«No. Antes se comían castañas. Y también vino de América el maíz». Era la primera vez que tenía clara la sensación de que, gracias al maestro, sabía cosas importantes de nuestro mundo que ellos, los padres, desconocían.
Manuel Rivas, La Lengua de las Mariposas
domingo, 12 de setembro de 2010
La Maternidad
Oviedo é uma cidade pejada de esculturas, de estilos e autorias diversas. Uma das mais conhecidas é esta, “La Maternidad”, de Fernando Botero, que se pode encontrar na Plaza de la Escandalera (mais uma delícia toponímica) e que serve de habitual ponto de encontro aos habitantes locais. Dela, algo me chamou particularmente a atenção: a direcção do olhar desta mãe. Dissemelhante de outros trabalhos artísticos que evocam a maternidade, esta figura materna não atenta no filho, mas olha em direcção oposta. Um olhar, contudo, centrado no filho, evocando vigilância e protecção? Ou o olhar que evoca o direito da mulher, também mãe, a olhar noutras direcções?
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Arte suprema
Somerset Maugham, O Véu Pintado, Edições ASA, 2007, p. 229
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Tu és
sobre as planícies da eternidade.
Tu és o cantar do galo depois da noite da temporalidade,
o orvalho, a missa de alva e a mocidade,
o desconhecido, a mãe e a morte tensa.
Tu és a figura a se transformar,
do destino sempre solitária a se erguer,
que permanece por exaltar e por lamentar
e como floresta selvagem por descrever.
Tu és das coisas o cúmulo mais profundo,
que cala a última palavra do seu ser
e que aos outros sempre diferente se vai mostrando:
ao navio costa e à terra navio a aparecer.
Rainer Maria Rilke, O Livro de Horas, Assírio & Alvim, 2008, p. 241
sábado, 21 de agosto de 2010
Realidade abusadora
- Estamos entregues à bicharada – rosnou o professor, cavo e rouco. E concluiu, sorumbático, de cabeça pendida: - A realidade é muito abusadora.
Mário de Carvalho, Era Bom Que Trocássemos Umas Ideias sobre o Assunto, Caminho, 1999, p. 157
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Duas faces do mesmo Verão
Poucos dias e poucas dezenas de quilómetros fazem distar estas duas imagens, captadas em Viana do Castelo. Na primeira, um cenário apocalíptico com que nos deparámos, quando, depois de um corte na auto-estrada, atravessámos uma zona próxima de um incêndio de enormes proporções, repentino e violento, ameaçando já várias casas. Nenhuma imagem televisiva se poderá comparar ao cenário real: o desespero nas faces apanhadas desprevenidas, a atmosfera claustrofóbica, a pressa na busca de parcos instrumentos de protecção de si, dos seus, do seu. A nuvem espessa e enegrecida permanece durante muito tempo, também cá dentro, mesmo em momentos em que, como na segunda imagem, nos sentámos serenamente no meio de uma serra tranquila e pensámos: até quando poderá, também aqui, ser assim?
sábado, 31 de julho de 2010
Imodificável (?)
Sándor Márai, A Herança de Eszter, Biblioteca Sábado, 2010, p. 81
Sándor Márai, por Tullio Pericoli
domingo, 25 de julho de 2010
15 segundos de fama
Enjoy! I did!
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Christopher "Gaga" Walken
A Lady Gaga que se cuide, tem aqui concorrência à altura. Na minha modesta opinião, só lhe faltam umas roupinhas à maneira e… the sky is the limit!
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Do excesso
Eça de Queirós, Civilização, em Contos, Bertrand Editora, 2008, p. 315
terça-feira, 13 de julho de 2010
sábado, 10 de julho de 2010
Trânsito caprino
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Armas? Não. Almas!
Ainda hoje me soam aos ouvidos as acusações tantas vezes repetidas do tempo da luta: não tínhamos exército, nem esquadra, nem artilharia, nem defesas, nem armas!... Qual! O que não tínhamos era almas… Era isso que estava morto, apagado, adormecido, desnacionalizado, inerte… E quando num Estado as almas estão envilecidas e gastas – o que resta pouco vale.
Eça de Queirós, A Catástrofe, em Contos
sexta-feira, 2 de julho de 2010
MacChique
Em Salzburgo, até os anúncios do comércio são sofisticados. Não resisti e cá trago o do Mac. E olhem que o da Zara não ficava nada atrás :-).
terça-feira, 29 de junho de 2010
240' em Salzburgo
E ali pelo meio, a lembrança: no mesmíssimo dia, no ano anterior, estava internada numa clínica, a recuperar de um ligeiro susto. A vida tem as suas graças. O que será que me estará reservado para o próximo ano? Talvez esteja a fazer o que é mais comum nos meus dias. Talvez porque a vida não é tipicamente vivida nos antípodas da experiência, entre uma cama de hospital ou um passeio em Salzburgo. Talvez a vida seja tão-somente feita de mediania. Talvez.
sábado, 26 de junho de 2010
Por terras da Alta Áustria
Uma comitiva portuguesa onde reinou o companheirismo e a boa disposição.
Uma equipa europeia com pessoas empenhadas, simpáticas e abertas a novas e diferentes perspectivas. E descobrir que, afinal, ninguém comunicou em inglês, mas noutra língua: o globish :-)
E não posso esquecer as tartes Linz, finalmente no original…
Não será uma cidade a que volte, para conhecer melhor. Mas deixou boas recordações.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Saramago, Imortal
(...) que se antes de cada acto nosso nos puséssemos a prever todas as consequências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias de futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão, aliás, há quem diga que isso é que é a imortalidade de que tanto se fala (...)
José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira
terça-feira, 15 de junho de 2010
Absolute clarity
A few times in my life I've had moments of absolute clarity, when for a few brief seconds the silence drowns out the noise and I can feel rather than think, and things seem so sharp and the world seems so fresh. I can never make these moments last. I cling to them, but like everything, they fade. I have lived my life on these moments. They pull me back to the present, and I realize that everything is exactly the way it was meant to be.
sábado, 12 de junho de 2010
Che fece... il gran rifiuto
Para alguns, entre nós, o implacável dia chega
da grande escolha, da grande decisão
de dizer Sim ou Não.
Aquele que em si sentir a sede de afirmar
pronuncie-se sem demora.
Os caminhos da vida abrir-se-ão para ele
numa cornucópia de benesses.
Mas o outro, o que nega,
ninguém o poderá acusar de falsidade,
e repetirá cada vez mais alto a sua descrença.
Está no seu direito – e, contudo, esta pequena diferença.
Um “Não” por um “Sim” – afunda uma vida inteira.
Constantine P. Cavafy (1901), citado por Lawrence Durrell em Clea
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Lovely and Loyal Award
A Margarida Elias, do blogue Memórias e Imagens lançou-me o desafio. Obrigada, Margarida, e cá seguem as respostas às perguntas:
1. Porque que é que criou um blogue e, quando o criou, tinha expectativas de que fosse popular?
Criei um blogue para partilhar algumas descobertas que vou fazendo, quer sob a forma de palavras, quer sob a forma de imagens. Não tinha qualquer expectativa de que fosse popular, aliás, o blogue esteve "às moscas" durante muitos meses e só recentemente foi ganhando vida.
2. Em que data exacta iniciou o blogue?
3. Nomeie 5 seguidores leais.
E agora, minhas caras, passo o desafio às 3.
domingo, 6 de junho de 2010
Chutem!
E façam bons passes. E boas recepções. E marcações cerradas. E desmarcações estratégicas. E bons dribles. E evitem os postes. E os fora de jogo. Defendam bem e ataquem melhor. E não se esqueçam de que o jogo deve ser limpo, que amarelos e vermelhos não são de nossa conveniência. E, sobretudo, acertem e façam as redes tremer com o impacto da Jabulani!!
Saudações cordiais, verdes e vermelhas.
A treinadora de sofá,
Sara
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Ah! Os Relógios
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...
Mario Quintana, A Cor do Invisível
segunda-feira, 31 de maio de 2010
"Receive with simplicity everything that happens to you"
The Uncertainty Principle. It proves we can't ever really know... what's going on. So it shouldn't bother you. Not being able to figure anything out. Although you will be responsible for this on the mid-term.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Diatribe contra o amor
Lawrence Durrell, Clea
domingo, 23 de maio de 2010
Pelas margens do Lima
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Timing
Receio bem que, na minha vida, tenha feito algumas coisas demasiado tarde e outras demasiado cedo.
domingo, 16 de maio de 2010
Daltonismo moral
Dizer que um homem não tem escrúpulos implica que esse homem nasceu com escrúpulos e agora decidiu pô-los de parte. Mas pode conceber-se um homem manifestamente “nascido” sem consciência? Um homem “nascido” sem as faculdades ordinárias da alma?
(…)
Há homens cujos sentimentos se vaporizam em neblina, como se fossem premidos por um vaporizador; aqueles que os congelaram – “agulhas e alfinetes de coração”; outros nasceram sem a noção dos valores, os agora afectados de daltonismo moral. Os muito poderosos são assim frequentemente (…)
Lawrence Durrell, Mountolive